sexta-feira, 23 de abril de 2010

Na minha próxima vida eu escolho surfar


A minha vida teria sido muito diferente se lá nos confins dos anos 90 eu tivesse aceitado o convite que o mar me fazia, me chamando para lhe visitar. Eu ia, timidamente. Chamava pai ou mãe, alguém mais alto e responsável que pudesse me levar até lá longe, no fundão.
Ele estava lá, sempre esteve presente nos verões de minha vida. Para ele eu peço um banho de energia. Ele cura ressaca, dor de cotovelo e desamores. A delicia de dormir ouvindo o seu som ou acordar, abrir a janela e dar de cara com ele.
Atribuo a dois fatos a minha não formação surfista: a prancha de bodyboard que eu ganhei dos meus pais (dura, pesada e rosa. Eu queria a azul e da marca da moda, não aquele pseudo-prancha!) e o episódio do afogamento dos meus primos. Após passado o susto da quase morte, todas as crianças ganharam picolés “proibidos” para a beira da praia, como era o caso do Eskibom e Cornetto. A minha irmã e eu tivemos que nos contentar com os de fruta, já que era regra dos nossos pais que picolé na beira da praia só se fosse de fruta (baratinho). Pobre de nós duas, quase perdemos os primos e ainda tivemos que vê-los comendo os nossos sorvetes prediletos sem poder dizer um ai!
Ainda me pego indagando qual teria sido o meu picolé se EU tivesse me afogado.
Ainda me culpo por nunca ter conseguido manejar direito a “planonda” rosa.
Se eu não tivesse sido tão preguiçosa teria hoje um outro objetivo de vida: encontrar a onda perfeita. Mas, não. Desisti antes mesmo de começar.