segunda-feira, 11 de outubro de 2010

a bit melancolic

Desceu as escadas puxando a borrachinha que prendia o cabelo, desequilibrou. Riu de si mesma ao atingir o último degrau. Pensou em sentar-se à mesa, fazer um suco natural para acompanhar a leitura do jornal, mas soube antes mesmo do pensamento terminar que não teria tempo para ler. Nem para o suco. Perdeu instantes preciosos trocando os objetos pessoais de uma bolsa para outra, já que era dia de usar a azul e tudo estava alojado na preta. Fechou a porta com agressividade. O dia invadira o seu corpo. Uma angustia penetrara em sua alma. Segunda-feira. Deixava para trás algumas horas de descanso e a esperança de estar feliz naquela manhã. Não estava feliz. Não se sentia contente.

No caminho até o trabalho se distraiu com algumas músicas tocadas na sua rádio não favorita e lembrou que um dia já quis ser radialista. Na época em que podia ser tudo e qualquer coisa e não sentia o peso de seguir profissionalmente o resto da vida. A bolsa não pesava e não carregava nenhum sonho. Teve a certeza de que nunca fora amada suficientemente na vida e duas lágrimas percorreram a linhas do nariz até o queixo, cada uma de um lado.

Ela queria reviver alguns momentos do passado. Relembrou lugares, ressuscitou pessoas na lembrança. Foi dura consigo mesma ao pensar no seu presente. Ela lembrou que se esqueceu de sorrir para o seu reflexo no espelho, uma prática que jurou ter introduzido a sua rotina com a leitura da noite passada.

Suspirou.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Viajar é preciso

Viajar para a minha pessoa é tão necessário quanto tomar ao menos um bom sorvete no verão ou sopa de ervilha no inverno. Uma daquelas coisas que acabam acontecendo, mas que também podem ser muito bem planejadas. Eu prezo pelos destinos e pelos meus dias de folga. Tenho estratégias e objetivos para cada ocasião, há prerrogativas de toda natureza. Já usei muita desculpa e apliquei os mais eloquentes discursos para convencer quem fosse necessário para me apoiar em meus run aways.
Tudo começou quando em 1989 meu pai ganhou uma bolsa de estudos para fazer a sua especialização na Philadelphia, EUA. Fui levada pela mão e durante três meses chorei todos os dias no intervalo do almoço na escola. Eu, pequena de seis anos, na primeira série, sem poder me comunicar com os colegas, sendo alfabetizada em outra língua. Lembro de dizer aos meus pais que me levassem até o Rio de Janeiro que de lá eu conseguiria chegar a Porto Alegre.
Tamanho foi o trauma que dez anos depois eu meti na cabeça que queria ir fazer intercâmbio na Austrália. Vi o álbum de fotografia de uma amiga que havia passado as férias lá e agilizei toda a papelada para cursar um semestre do segundo ano na terra dos aborígenes. Persuadi meu pai que era o melhor lugar para eu aprimorar o meu inglês. Porque não Estados Unidos? Por que eu já conheço. E Inglaterra? Muito frio e cinza. Nova Zelândia? É mais caro que Australia!
Eu sonhava com praias, calor, mar e surfistas e me mandaram para uma ilha ao sul do país, a Tasmânia. Uma área rural e tranquila, onde o inverno é rígido e o verão tarda em chegar. Inimaginável em se tratando da Austrália. Uma experiência para poucos. Vivi em um lugar em que nunca vi nenhum turista brasileiro e falar português só uma vez por semana, quando ligava para a família.
No meio da faculdade eu determinei que era a vez de ir para a Europa. Pressionada a terminar o curso, fui moldando, planejando e introduzindo uma pós graduação às justificativas da viagem. Em Barcelona descobri o que é morar em um lugar quase perfeito. Fiz amizades que valem ouro, conheci pessoas incríveis, me reconstruí enquanto pessoa. Aprendi sobre arte e cultura de uma forma natural e clara. Mas, principalmente, entendi o que era viajar!
Aprendi a manusear mapas, a me localizar em estações de metro, a fazer malas práticas, a observar as pessoas, a aguentar filas em museus, a curtir um bom passeio e uma bela paisagem.
Recomendo uma viagem en plan solo, sem mais ninguém. Fiz isso na Espanha e nunca me senti tão eu. Não precisa entrar em acordo nas programações, definir rotas e lugares para visitar. Só tu e tu mesmo decide a hora de levantar, almoçar, quanto tempo vais te dedicar em cada lugar e onde vai depois. Viva aos albergues que nunca te deixam na solidão, pois sempre tem alguém ali para conversa. E não há papos mais interessantes do que viajantes trocando dicas e experiências.
Viajar preenche, anima, modifica, faz amadurecer, faz regredir, faz fantasiar, faz criar, pular, soltar, cantar, olhar, beijar, abraçar, amar, encantar e desejar. Desejo poder viajar mais, outra vez, de novo, outro destino, por mais tempo, em outras companhias, com as mesmas pessoas, mais, mais e mais.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Aconteceu com uma amiga minha

No dia do seu casamento, se dirigindo para a igreja, acende a luz do combustível já na reserva. Sem problemas, passa no posto e completa. Vai pagar com cartão e a máquina não chega até o carro. Tem que descer, de véu e grinalda, para digitar a senha. Tem uma fila enorme, mas alguém pergunta: “tu vais casar agora?”. E, assim, toda de branco, a fila inteira em unanimidade a deixa passar na frente. Justo.

sábado, 25 de setembro de 2010

Politcs

Confesso que de política eu não sei falar, tenho argumentos fracos e até peço para sair da discussão. Não tenho memória para os partidos, não sei de cor todos os presidentes do Brasil, muito menos governadores do RS e os prefeitos de Porto Alegre. Não sei o exatamente o que faz um senador e um deputado.
Em minha defesa, não é alienação, é canseira mesmo. Eu, que sou uma pessoa otimista, infelizmente, não vejo muita solução para a política brasileira.
O que eu entendo, vendo de fora, é que é uma rede podre tão tramada que é quase impossível se desfazer de tantas tramóias. Fazendo uma analogia barata, política é um monte de correntinhas emaranhadas, enroladas feito um nó. Atreva-se a desenrolar...
Admiro quem tem, no fundo da alma, a vontade de fazer algo de bom nesse país. Talvez sejam pessoas de muita fé. Eu não tenho estômago para politicagem, vomitaria na primeira reunião, encontro, acordo a fazer.
Nessa época de eleição imagino que os candidatos estejam fazendo um esforço sobrenatural para manter a compostura. Sempre o sorriso no rosto, ser atencioso e simpático, não é a minha. Imagina as candidatas em seus períodos pré menstruais, irritadas, sensíveis. Dá pena. Por que elas não podem chutar o balde, mandar todo mundo pastar e se jogar na cama com cólica, devorando uma barra de chocolate. Não, precisam manter a pose. E nada pode ser mais artificial do que manter a pose. Desconfio das pessoas que têm sempre a mesma cara!
Eu queria era ver toda essa gente em um trago fenomenal. Ai, sim, poderia votar com mais tranquilidade. O bêbado não mente, se desequilibra, mostra fraqueza. E eu admiro bem mais as pessoas que mostram fragilidade do pessoas de postura 100% firme e forte.
Sou a favor de colocar todos os candidatos em uma casa e ir votando semanalmente para um sair. Acho que a disputa seria mais sincera.
Como eu disse, não entendo de política. Voto em que eu acho que pode fazer alguma diferença. Mas, até agora, nunca acertei.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

vasculhando a caixa de emails

Qualquer uma pra mim tá boa!
pra quem se contentava com aquela amarela toda fiadaputa, uma bike nova, seja qual for, é um luxo!!!

que vontade de pedalar e sentir o ventinho no rosto.

De tanto que eu pedi, mil coisas apareceram pra meu tempo ficar escasso e eu desejar que o dia tenha mais de 24horas.
Até dia 8 de junho to encapuzada com a história do concurso da Petrobrás que eu resolvi fazer.
O resto do tempo eu divido com a produção da expo de Arte Urbana e a Estúdio Nômade. Tô feliz!
Se o salário aumentasse entao... nem sei o que seria de mim.

Despertei a paixão de um "nérdi" chamado Rogério (não, não é o ex!!).Socorro! ele me catou no orkut e agora manda mensagens por email. E o problema não é nem só a cara de nerds que ele tem, mas a agressividade em que o ser se expressa. Justo comigo que adoro uma educação de lord inglês.

A bike bem que viria a calhar já que eu conto com a boa vontade do transporte coletivo. É nois no busão, mano. Além de cuidar pra que neguinho não meta a mão na tua bolsa, tem que cuidar pra nao ficar espremida cara a cara com o tiozinho que perdeu os dentes quando ainda vivíamos numa ditadura militar. É dose. Mas longe de mim reclamar... o bus é como terapia, toda vez que tu sais te sentes mais leve!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Temperos da vida

carô diz:

lu

o gengibre faz toda diferenca

Lú Green diz:

hmmmm

gengibre é ótimo

na vida?

carô diz:

aham

like pepper

Lú Green diz:

uau

gosto de gengibre

bastante

gengibre é até mais significativo do que pimenta

pq combina com mais coisas

carô diz:

estamos focadas só na pimenta

Lú Green diz:

é.

carô diz:

mas o gengibre veio pra despertar

Lú Green diz:

é preciso ampliar o gosto

carô diz:

exato

Lú Green diz:

sou grata ao gengibre

carô diz:

eu tb

Lú Green diz:

uma vez falei que quando eu tiver a minha casa eu sempre terei gengibre

carô diz:

boaaaa

sempre

eu tb

Lú Green diz:

e quando faltar para uma, a outra completa

carô diz:

mas estamos afinadas

Lú Green diz:

especialmente afinadas

deve ser o sol

carô diz:

e o gengibre de ontem

Lú Green diz:

é!

o gengibre faz toda a diferença.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ao meu amor serei eterna...

Eu tenho um amor que vive um péssimo momento e não há nada que eu possa fazer para ajudar. É um amor intenso, cheio de altos e baixos, eu amo e odeio ao mesmo tempo. Quando eu amo, encho o meu coração do mais puro sentimento gostoso de amar e ser correspondida, mas quando odeio fico entristecida, com uma dorzinha no peito.
Eu canto por ele, eu torço por ele, eu vibro com ele, eu trairia por ele. A esse amor fui prometida desde pequena, antes mesmo de nascer. Foi um acordo firmado pelo meu avô. E é por ter aprendido desde cedo como viver esse amor que eu nunca poderei renunciá-lo. Jamais poderei colocar outro em seu lugar. Meu coração pertence a ele, é todo ele.
Traduzido em cores, esse amor é preto, azul e branco. Quanto orgulho, quantas alegrias, explosões de felicidades já me destes. Grêmio, meu Greminho querido, volte a ser aquele bravo guerreiro, o que nunca teve medo de lutar, o vencedor. Estarei ao teu lado, custe o que custar, doa o que doer, mas, por favor, reaja! Acredite na sua grandeza e prove que quem foi Rei nunca perde a Majestade.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a little less conversation, a little more action

Malditas sejam as redes sociais que entraram em nossas vidas sem nos dar a chance de evitá-las, que tornaram as amizades meras interações via Orkut, Twitter ou Facebook. Malditos sejamos nós, que abrimos mão do contato humano, da voz ao telefone, do abraço apertado, do encontro para mostrar o álbum de fotos da última viagem. Aceitamos feitos patinhos a condição de nos relacionarmos através de uma tela. Tenho saudade até do email. Pois, nem esse mais é usado. Nossas emoções, problemas, medos e angústias têm que caber em 140 caracteres ou melhor nem comentar.

Eu perdi um hábito muito bonito que tinha de escrever cartas. Sim, cartas: papel, caneta, envelope e selo. Tinha todo um ritual. Quando morei na Austrália, com 16 anos, recém se ouvia falar de correio eletrônico, então o jeito de contar para os amigos a minha vivência era escrevendo. E, assim, eu obrigava os outros a me escreverem de volta. Que satisfação era chegar em casa e abrir a caixa do correio e ver meu nome na correspondência. Alegria instantânea. Eu mal acabava de ler e já ia responder, para não perder o ciclo.

A Austrália, por estar tão “isolada” do resto do mundo, naquela época, tinha nas próprias lojas do correio, papéis, cartões, folhas e selos especiais para quem quisesse escrever. E lembro de algo genial, uma folha (A4) que virava o envelope já selado, só precisava dobrá-la em três partes, lamber a borda e mandar para longe. Era o tamanho certo para expressar os últimos acontecimentos.

É um absurdo eu ficar sabendo que uma amiga noivou via facebook ou então que alguém perdeu um ente querido pela sua frase do MSN. É triste e desumano. Cadê o toque, o olho no olho, a mão estendida? Perdemos em qualidade. Inutilizamos o afeto e a linguagem corporal. Prezo pelo encontro diário, semanal, mensal ou até mesmo anual.

Tempo complicado esse que vivemos. Temos muito a que se adaptar. E o pior é saber que minhas amigas vão saber dessa minha questão através do meu blog!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Eu confundo nomes

Acho Thiago parecido com Otávio.
A pior gafe que eu já cometi foi numa festa à fantasia. Eu de hippie, ele de abelhão – o filho de amigos do meu pai, alguém que eu conheço desde que nasci!
Thiagoooo!!

- Otávio, Lúcia, meu nome é Otávio!

Sim, claro que eu sei teu nome, né! Deve ser por causa dessa tua fantasia de abelhão! Me confundiu.

- Zangão, Lúcia. Eu to vestido de zangão!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Modelemos o corpo. Aprimoremos o todo

Uma frase encontrada entre uma mensagem de despedida. Da amiga. Que visita.

Um segundo de entendimento depois de horas analisando cada atitude, cada tomada de decisão, cada desejo.


Como leva tempo chegar onde se quer, entender o que se quer e seguir querendo. Outra coisa.


O corpo se modela à situação. É apenas a parte terrena superficial. O todo é tudo. Todo o resto. O que importa. Um não vem sem o outro, mas cada um entende as coisas da sua própria maneira.

O todo é mais difícil de modelar. O corpo é quase impossível aprimorar.


E mesmo sem saber o que na hora eu pensei quando optei por essa combinação de palavras, posso compreender o meu momento. Posso entender onde eu queria estar e confirmo a minha essência, a partir das minhas preocupações, constantes ou não.


É o todo. Foco no todo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Desperta por Cocteau

Quer me ver faceira? Me esquece numa lojinha de museu.

Esquece mesmo. Me joga lá dentro e tranca a porta.

Não sei explicar o que acontece comigo quando estou nesse tipo de estabelecimento, mas não escuto nada e não vejo nada além dos livros, objetos, bibelôs, souvenirs, postais. Ai, os postais. Me apego.

O lance é o seguinte. Eu entro no museu. Olho todas as obras e sempre tem uma ou duas ou três ou quatro que ficam sendo as minhas preferidas. De alguma forma elas me tocam e eu crio um elo com elas. Então não sossego até não descer na lojinha e me adquirir um postal dessas imagens. É como se eu levasse comigo um pouco do artista, o lado que me toca!

Uma vez eu passei o ano novo em Paris. Estava com um grupo de gente, entre primos e amigos. E resolvemos todos ir no Pompidou. Enquanto uns olhavam a exposição do primeiro andar eu disse que iria na lojinha ver as coisas. E fiquei totalmente absorta. Escolhi dois livros para levar e, olhando as prateleiras de cinema me deparo com a biografia de Jean Cocteau. ACORDO!

“A Si ia gostar disso... A Si! Cadê todo mundo? Putz, passou mais de uma hora. Opa, estou sozinha aqui. Ta, vou voltar ao nosso ponto de encontro”. Nada. Ninguém. Um guardinha me olhando com ar de deboche. Com certeza ele sabia que meus amigos tinham saído por à fora, mas não quis me contar. Típico frances!

Abandonada, mas feliz da vida, pego um metro e volto para o albergue. Secretamente eu sabia que ser esquecida na lojinha do Centre Pompidou tinha um gostinho particular que ninguém precisa entender.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Diálogo de Quarta

carolina diz:

bonjour ma belle

Lú Green diz:

bonjour!

carolina diz:

ça va, ma belle?

Lú Green diz:

tudo certinho!

tirando esse frio que me enche de espirros

e tu?

carolina diz:

puta da vida, com um bofe, depois conto

Lú Green diz:

aquele que tava contigo no Odessa?

depois conta...

carolina diz:

NAO

aquele é um dos meus melhores amigos

e ele estava chaaaaaaaaaaaaaato naquele dia

Verde, você lembra de um cara que era especialista em sobrancelhas

que uma vez você me indicou?

um que uma amiga sua frequentava

acho que o nome dele é Carlos

Lú Green diz:

bah! até lembro

mas não sei mais onde ele se encontra ou nada parecido

sei que a minha mãe vai em um, outra pessoa. E ela gosta bastante

carolina diz:

hahahahaha, eu queria AQUELE, hahahahaha

como você tinha conhecido ele, vc lembra?

Lú Green diz:

sim. olhei a sobrancelha de uma conhecida minha e achei linda. Perguntei para ela quem fazia e ela me deu o contato. Eu fui uma vez e nunca mais.

carolina diz:

hahahahahahaha, guria, que coisa essas coisas né? é igual se apaixonar na rua e nunca mais ver

Lú Green diz:

total

pior é que essa conhecida hoje mora em Amsterdã

ou seja, ela mora num lugar super cool e com as sobrancelhas perfeitas!!

essa vida é mesmo injusta

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A menina dança

12 anos depois, resolvi criar vergonha na cara e começar a fazer aulas de violão.

Sem a menor pretensão, talvez um dia conseguir tocar essa aqui:



Quando eu cheguei tudo, tudo
Tudo estava virado
Apenas viro me viro
Mas eu mesma viro os olhinhos

Só entro no jogo porque
Estou mesmo depois
Depois de esgotar
O tempo regulamentar

De um lado o olho desaforo
Que diz meu nariz arrebitado
E não levo para casa, mas se você vem perto eu vou lá
Eu vou lá!

No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança

E dentro da menina
A menina dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança

Até o sol raiar
Até o sol raiar
Até dentro de você nascer

Nascer o que há!

Quando eu cheguei tudo, tudo
Tudo estava virado
Apenas viro me viro
Mas eu mesma viro os olhinhos

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tic -Tac, Tic -Tac

Li um texto que eu gostei bastante. Ele falava de cantadas. Não sei dizer ao certo por que as palavras de um autor desconhecido tenham me agradado tanto. Talvez por me identificar com a "mocinha" da história, aquela que não sabe bem receber um elogio.

"Nos nossos tempos de cinismo, a cantada se reduziu a isso: uma bomba de efeito moral, humorística entre o inteligente e o infame, muito longe de todos os seus séculos de história, quando os bróderes realmente criavam melodias sobre as mulheres e as entoavam em serenatas e hinos de amor.
Hoje a cantada enfrenta talvez sua pior entressafra. Assim como um dia houve o futebol-arte, a “cantata dell’arte” um dia existiu, mas foi substituída pela cantada de resultados. Por quê? Bom, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia o mestre-cantor Luís de Camões, e nada mudou mais do que a mulher.
A donzela dos balcões hoje não se engana mais com esse papinho de castidade e pior: acha medieval essa coisa de receber elogios..."

Eu sou do tipo que não sabe flertar, que desconfia de elogios, que não cai em cantadas pré-prontas. E essas características fazem de mim um ser muito consciente e sensato, que seria ótimo se não me atrapalhasse tanto.
E atrapalha. Porque eu não tenho a menor paciencia para escutar as primeiras palavras de um homem quando se aproxima com cara de que vai largar uma cantada. Eu já parto do princípio que ele vai testar a sua receita infalível mais uma vez e eu já sei que não vou cair.

Ao menos penso que não vou cair... Por que quebrar a cara é uma especialidade feminina. E masculina também, por que não. Onde tem uma mulher ferida tem um homem ferido que feriu!

Eu acredito em timming. Acho que todo elogio pode ser proveitoso se ocorre na hora certa. Desde que os machucados, recentes ou antigos, estejam sarados, há chance de uma boa cantada dar certo.Falta é um pouco de fé, de romantismo, de exatidão. Falta pra mim que o cosmos se entenda e acerte o meu ponteiro com o daquele que deseja ouvir o meu canto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A arte de bem receber

Estive na Bahia para participar do casamento de um casal de amigos. Ela, baiana. Ele, carioca. Os convidados, de toda a parte do Brasil. Só na minha “turma” tinha gaúcho, paulista, goiano, baiano e carioca. Miscigenação de sotaques.
A noiva, minha amiga, sempre me recebeu muito bem na sua casa, tanto em Barcelona (quando virávamos a noite fazendo algum trabalho para o pós ou pelo prazer da companhia. Foi pra ela que eu liguei quando fui demitida e levado um pé na bunda, pois eu sabia que na casa dela teria conforto), quanto no Rio de Janeiro, onde mora atualmente.
Mesmo sabendo dessa maneira braços abertos que ela tem, me surpreendi ao chegar no aeroporto de Salvador e receber uma mensagem no celular: to chegando. Sem aviso prévio, ela e o noivo foram me buscar. E não só eu como TODOS os convidados que vieram de fora. Passaram a véspera do casório num vai e vem aeroporto-pousada e sempre com sorrisos nos rostos, abraços apertados, carinho e atenção.
Em um casamento que recebe gente de outros lugares não é de se estranhar que algumas coisas sejam pré estabelecidas pelos anfitriões. A mãe da noiva, uma pessoa que adora receber gente comandava a festa. Agilizou caronas, improvisou almoço. Até a casa dela é projetada de forma a bem receber seus amigos. Existe uma área especial para isso. Uma varanda, uma sala enorme com televisão e um sofá gigante, daqueles que cabem umas 20 pessoas. Nem todo mundo tem esse dom, o de fazer todo mundo se sentir bem recebido, mas quem tem, está no sangue.
E como faz a diferença estar com pessoas que te fazem se sentir bem, confortável. É mais fácil a interação, a sintonia se afina, não é preciso formalidades. Só corre-se o risco de sentir-se em dívida com o anfitrião. Fui tão bem recebida que não posso dizer que eu tenha retribuído à altura.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Na minha próxima vida eu escolho surfar


A minha vida teria sido muito diferente se lá nos confins dos anos 90 eu tivesse aceitado o convite que o mar me fazia, me chamando para lhe visitar. Eu ia, timidamente. Chamava pai ou mãe, alguém mais alto e responsável que pudesse me levar até lá longe, no fundão.
Ele estava lá, sempre esteve presente nos verões de minha vida. Para ele eu peço um banho de energia. Ele cura ressaca, dor de cotovelo e desamores. A delicia de dormir ouvindo o seu som ou acordar, abrir a janela e dar de cara com ele.
Atribuo a dois fatos a minha não formação surfista: a prancha de bodyboard que eu ganhei dos meus pais (dura, pesada e rosa. Eu queria a azul e da marca da moda, não aquele pseudo-prancha!) e o episódio do afogamento dos meus primos. Após passado o susto da quase morte, todas as crianças ganharam picolés “proibidos” para a beira da praia, como era o caso do Eskibom e Cornetto. A minha irmã e eu tivemos que nos contentar com os de fruta, já que era regra dos nossos pais que picolé na beira da praia só se fosse de fruta (baratinho). Pobre de nós duas, quase perdemos os primos e ainda tivemos que vê-los comendo os nossos sorvetes prediletos sem poder dizer um ai!
Ainda me pego indagando qual teria sido o meu picolé se EU tivesse me afogado.
Ainda me culpo por nunca ter conseguido manejar direito a “planonda” rosa.
Se eu não tivesse sido tão preguiçosa teria hoje um outro objetivo de vida: encontrar a onda perfeita. Mas, não. Desisti antes mesmo de começar.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Lembrança de algo que há de acontecer

Coloquei numa lista para não esquecer, os locais que eu gostaria de voltar em Barcelona. Pode ser que um dia, ao visitar a cidade, eu precise retomar essa lista e ser fiel aos meus desejos de hoje.

Voltar ao restaurante cubano no Born;
Almoçar no restaurante africano e pedir yuka com espinafre!
Sentar num dos bancos do Passeo Del Born à noite e ficar de converse com os paquis vendedores de cervesa-bier;
Um piquenique com queijo brie na Ciutadella: uma noite com jazz no parque;
Subir até os jardins do castelo de Montjuic para um cine ao ar livre;
Reunir os amigos em alguma teraza, com vista para o Tibidabu;
Andar de bicicleta;
Propor um luau em Barceloneta.
Ver uma lua cheia em qualquer ponto da cidade.
Andar de bicicleta de noite;
Sair de marcha, começando pela champañaria, passando pelos barzitos do raval;
Ir do CCCB para o Macba e do Macba para o CCCB.
Andar de bicicleta pelo gótico;
Gastar um dia inteiro em Gracia.
Assistir a um filme no Verdi.
Andar de metro bêbada e de madrugada.
Pegar os restos de comida deixada em frente ao Maoz.
Ficar com o pescoço duro de tanto olhar pra cima;
Andar de bicicleta;
Observar as sacadinhas coloridas pelas flores na primavera...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

banho de energia

Todo mês de fevereiro, morena, carnaval te espera.
Foi nesse embalo que eu saí de “férias” na sexta-feira véspera do feriado de carnaval, emendando a semana.
E como foi bom me jogar na beira da praia, sem compromissos. O mar faz a gente pensar na vida, remexer as águas paradas. Passei por cinco mares diferentes...

Voltei com a pele mais morena, o cabelo mais seco, o sorriso mais largo, a cabeça mais a mil, o corpo mais descansado, as unhas desfeitas, as roupas mais sujas, a alma renovada!

Agora sim o ano pode começar. Já tenho mil planos para esse 2010.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Opção 2

Eu posso sentir o vento abafado atingindo o meu rosto numa manhã de domingo, pode ser na primavera. Contornando a Lagoa, pedalando ritmadamente com os meus pensamentos. E estarei pensando: que saudade da terrinha!
Posso me ver correndo no calçadão, admirando o pôr do sol no Arpoador com meu velho tênis de corrida, bermuda desgastada e regata. E estarei pensando: que delicia tudo isso aqui!
Consigo vislumbrar meus finais de semana com programações que intercalam praia, chopp, shows de música, comprinhas e visitas de amigos. À beira do mar, no fim de tarde, sentindo um pouco de frio, vendo o sol se despedir. E estarei pensando: poucas sensações são melhores que essa!

Ah, o Rio...

A vontade de tentar a vida por lá. Com calor de 40°, congestionamentos homéricos, assaltos à luz do dia, tiroteio como cortina musical.
E estou pensando: será que terei essa sorte?!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Opção 1


Um feriado em Florianópolis sempre mexe comigo. É a paisagem sem igual, o jeito tranqüilo e sem pressa daquele povo, as praias maravilhosas, o observar dos turistas e, claro, os milhares de surfistas desfilando pra lá e pra cá. Dá vontade de largar tudo e curtir uma vida mansa por lá.
Obviamente, Florianópolis tem seus problemas, como toda cidade. Mas é muito mais fácil esquecer de qualquer problema com um paredão verde de mata intocada na tua frente ou encarar um super engarrafamento sabendo que do outro lado do morro tem uma lagoa e teus amigos estão te esperando pra assar um peixinho.
É fácil imaginar a vida em Florianópolis.

Mas saborear essa vida completamente só tendo um bom companheiro à tira colo! 
E que será que vem antes, o ovo ou a galinha?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

na clareza de um instante

Acabei de ler um blog que me inspirou. Gostei da maneira que a autora escreve, com tanta sinceridade, dá pra sentir que vem de dentro, é fácil e pleno. É como quem tem facilidade em costurar, sem muito esforço, tá pronto. E eu pensei em todas as coisas que eu gostaria de ter facilidade em fazer. Já faz tempo que eu deixei de querer tudo, mas sigo querendo muito. Gostaria de saber tocar violão, falar francês e italiano, costurar meus próprios vestidos, ter um cachorro e correr com ele na praia, fazer seleções musicais, aprender história da arte, fazer arte, ter uma bicicleta e morar numa cidade que me permitisse andar com ela...
A menina do blog foi minha colega na faculdade. Só colega. Pouco contato eu tive com ela. Mas das vezes que a gente conversou, ela sempre foi simpática, sempre sorriu. E se minha lembrança não me trair agora, posso dizer que a voz dela era doce, como eu gostaria que a minha soasse.
Ela apresentava um programa de rádio e eu a escutava sempre aos domingos, na volta da praia. E uma vez ela me convidou pra estar lá com ela, mas eu não fui. Deixei passar.

Eu quero não deixar passar mais oportunidades, experiências ou vivências. Eu quero tudo o que meu ser possa aguentar. Eu quero a vida na sua plenitude, sem parar muito para analisar.

Quero ser aquilo que meus olhos veem e o mesmo que minha alma sente.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Curtíssima

Diálogo entre minha prima e a filha dela, de seis anos:

- Sofia, vais comer todo esse leite condensado puro? Vai mandar tua carreira de modelo por água abaixo...
- Mãe, meu único sonho agora é ser uma Baleia!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

vale uma boa risada

Anualmente, em geral no mês que se despede do ano, meu grupo de amigas mulheres se reúne para celebrar o Natal, Ano Novo, o Fim do que passou, o inicio dos novos tempos, etc. Tudo começou com um seleto petit comitê de umas dez meninas, hoje chegamos a 17. Para cada festa é determinado uma temática.
Em 2009 nosso apelo era o fashion e teve gente revirando armário pra encontrar algo que pudesse usar. 2008 foi o ano dos desejos, muitos até se realizaram. No ano anterior foi a noite das perucas, já teve festa de gala e à fantasia.
Todo ano é a mesma coisa, discussões para definir o tema, as comidas e quem pode levar convidados extras. Mas, no fim das contas é divertido e sempre sobra muito pano pra manga aos próximos encontros.
Olhando uma foto da última festa relembrei um momento divertidíssimo. Depois de 2 horas para a revelação das amigas-secretas e muitas cervejas na cabeça, alguém que estava sentado numa poltrona se levantou e a que estava sentada no braço da mesma desabou. E para a não surpresa geral era a mesma menina que geralmente cai em festas e locais públicos. A foto é tão engraçada que valeu o post. A minha pose parece a de um muçulmano orando voltado pra Meca, com a cabeça encostada no chão (o copo de cerveja bem apoiado pra não desperdiçar uma gota se quer). Á minha volta, outras três meninas estão com a cabeça baixa, se mijando de rir.
Só de escrever me dá vontade de rir.
Ah se todas as festas fossem tão divertidas como as nossas...