Quer me ver faceira? Me esquece numa lojinha de museu.
Esquece mesmo. Me joga lá dentro e tranca a porta.
Não sei explicar o que acontece comigo quando estou nesse tipo de estabelecimento, mas não escuto nada e não vejo nada além dos livros, objetos, bibelôs, souvenirs, postais. Ai, os postais. Me apego.
O lance é o seguinte. Eu entro no museu. Olho todas as obras e sempre tem uma ou duas ou três ou quatro que ficam sendo as minhas preferidas. De alguma forma elas me tocam e eu crio um elo com elas. Então não sossego até não descer na lojinha e me adquirir um postal dessas imagens. É como se eu levasse comigo um pouco do artista, o lado que me toca!
Uma vez eu passei o ano novo em Paris. Estava com um grupo de gente, entre primos e amigos. E resolvemos todos ir no Pompidou. Enquanto uns olhavam a exposição do primeiro andar eu disse que iria na lojinha ver as coisas. E fiquei totalmente absorta. Escolhi dois livros para levar e, olhando as prateleiras de cinema me deparo com a biografia de Jean Cocteau. ACORDO!
“A Si ia gostar disso... A Si! Cadê todo mundo? Putz, passou mais de uma hora. Opa, estou sozinha aqui. Ta, vou voltar ao nosso ponto de encontro”. Nada. Ninguém. Um guardinha me olhando com ar de deboche. Com certeza ele sabia que meus amigos tinham saído por à fora, mas não quis me contar. Típico frances!
Abandonada, mas feliz da vida, pego um metro e volto para o albergue. Secretamente eu sabia que ser esquecida na lojinha do Centre Pompidou tinha um gostinho particular que ninguém precisa entender.
Essa é a Lú!
ResponderExcluirAdoro essa sede por cultura e por culturas. Secretamente invejo esse apreço pela arte e por programas em que a nossa própria companhia é o que basta.
Isso é o que te faz assim, uma mulher independente e completa, com muito a dividir!!