quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tic -Tac, Tic -Tac

Li um texto que eu gostei bastante. Ele falava de cantadas. Não sei dizer ao certo por que as palavras de um autor desconhecido tenham me agradado tanto. Talvez por me identificar com a "mocinha" da história, aquela que não sabe bem receber um elogio.

"Nos nossos tempos de cinismo, a cantada se reduziu a isso: uma bomba de efeito moral, humorística entre o inteligente e o infame, muito longe de todos os seus séculos de história, quando os bróderes realmente criavam melodias sobre as mulheres e as entoavam em serenatas e hinos de amor.
Hoje a cantada enfrenta talvez sua pior entressafra. Assim como um dia houve o futebol-arte, a “cantata dell’arte” um dia existiu, mas foi substituída pela cantada de resultados. Por quê? Bom, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia o mestre-cantor Luís de Camões, e nada mudou mais do que a mulher.
A donzela dos balcões hoje não se engana mais com esse papinho de castidade e pior: acha medieval essa coisa de receber elogios..."

Eu sou do tipo que não sabe flertar, que desconfia de elogios, que não cai em cantadas pré-prontas. E essas características fazem de mim um ser muito consciente e sensato, que seria ótimo se não me atrapalhasse tanto.
E atrapalha. Porque eu não tenho a menor paciencia para escutar as primeiras palavras de um homem quando se aproxima com cara de que vai largar uma cantada. Eu já parto do princípio que ele vai testar a sua receita infalível mais uma vez e eu já sei que não vou cair.

Ao menos penso que não vou cair... Por que quebrar a cara é uma especialidade feminina. E masculina também, por que não. Onde tem uma mulher ferida tem um homem ferido que feriu!

Eu acredito em timming. Acho que todo elogio pode ser proveitoso se ocorre na hora certa. Desde que os machucados, recentes ou antigos, estejam sarados, há chance de uma boa cantada dar certo.Falta é um pouco de fé, de romantismo, de exatidão. Falta pra mim que o cosmos se entenda e acerte o meu ponteiro com o daquele que deseja ouvir o meu canto.