quarta-feira, 6 de abril de 2011

O texto que eu ainda não escrevi

Lamento não ter sido completamente a adolescente da mulher que eu sou hoje, pois ela teria trabalhado em uma locadora ou em uma biblioteca e teria visto muito mais filmes do que eu já vi. Também teria lido todos os clássicos da literatura e saberia o nome dos personagens de cor.
Essa menina teria levado a sério as aulas de violão nos seus 15 anos e não teria desistido tão fácil só porque na primeira aula o professor a obrigou a lixar bem curtinha suas unhas recém feitas. Ela entenderia de música e seria mais eloquente no assunto. Quem sabe até teria feito parte de uma banda e hoje poderia rir dos seus cabelos nas fotos.

A adolescente que eu fui estudava inglês, jogava vôlei, adorava uma festinha “tudo liberado”, mas não bebia cerveja. Teve sua primeira embriaguez por causa de uma cuba libre, investiu em um intercambio para a Austrália e morou na Tazmania. Ela, que pouco namorou, deu seu primeiro beijo aos 13 anos no corredor de um hotel em Bariloche, enquanto seus pais dormiam.

E essa mulher que hoje eu sou, oriunda da adolescente que não fui será a senhora de si mesma. Ela vai olhar pra trás e lamentar não ter seguido certos caminhos, mas certamente se orgulhará da vida que viveu.