segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Depois do happy hour

Conheci Cristiane no corredor. Passava da meia noite em um dia de semana e ela chegava toda sorridente. Eu mesma vinha alegre da casa de uma amiga e a esperei com a porta do elevador aberta. Ela me perguntou se eu morava ali no prédio e eu disse que agora sim.

Em muito menos de um minuto eu descobri que ela parou de fumar há cinco meses e dez dias. Insensível, ofereci um cigarro. Selamos nossa nova amizade em um aperto de mão. E com pouquíssimas informações sobre mim, talvez por gostar da minha cara de quinta-feira, ela me disse para aparecer no apartamento dela quando quisesse.

Já tive outra vizinha Cristiane na infância. A casa dela colada na minha. Mas ela estudava de tarde e eu pela manhã. Nossas brincadeiras corriam nos finais de semana ou no horário de verão. E não tinha felicidade maior do que poder ficar na rua até mais tarde nos meses de calor.

Passamos de brincar com as bonecas para brincar com toda a vizinhança de Polícia e Ladrão, depois já ficávamos sentadas na escadinha de casa vendo os guris jogar futebol e até uma excursão para o Beto Carreiro World essa amizade rendeu.

Até o dia que a gente meio que se esqueceu. Eu já nem chamava mais ela pra conversar, nem ela mais sentia minha falta. Foi assim, não lembro do dia que a gente decidiu ser amiga, muito menos quando deixamos de ser. Uma amizade de infância só para ficar guardada na memória.

Eu só espero rever a nova Cristiane em um dia de humor alegre e semelhante e voltar a ter de vizinha uma amiga para qualquer hora de aperto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

E eu também queria ser princesa

Encontrei Luisa sentada à porta do bar que eu estava, ela completava um álbum de figurinhas quando tomei conhecimento dela, no exato instante em que dizia ao menino que cuidava dos que entravam e saíam: “Eu já sei que princesa eu seria!” Eu simplesmente não podia entrar sem saber quem era.

Essa aqui ó, a Bela Adormecida. Pedi que ela me contasse a história, já que a minha memória estava me traindo. Eu tinha sido bem mais Cinderela e Branca de Neve. Do conto, só sabia que a protagonista dormira por vários anos e fora acordada por um beijo de um príncipe. Luisa me contou algo sobre o tal príncipe e seu cavalo.

Quis saber por que ela tinha escolhido a Bela Adormecida. E de pronto, sem precisar organizar argumentos, Luisa me disse que gostava do nome da princesa. Ela queria ser Aurora! 

A pequena Luisa queria ter outro nome, talvez por achar que assim seria princesa, andaria de cavalo e teria seu próprio príncipe. Seria minha vida algo diferente se eu mesma fosse Iasmin, Ariel ou Bela?

Não poderia ser Patricia, nem Ângela como minha mãe e minha irmã. Ou Fernanda, Luiza, Isabela, Liliane, Mariane, Laura, Gabriela ou Juliana como minhas primas. Ou então Marilia, Roberta, Carolina, Débora, Mariana ou Alexandra, o mesmo que minhas amigas. 

Eu nunca poderia ser nada além de Lúcia. Mesmo que alguém diga que é o nome de sua vó e que devo ter sofrido na infância, quando, de fato, meu nome incomodava. Só poderia ser o que aprendi a ser desde o dia que reconheci meu próprio nome ser chamado.