Conheci Cristiane no corredor. Passava da meia noite em um dia de semana e ela chegava toda sorridente. Eu mesma vinha alegre da casa de uma amiga e a esperei com a porta do elevador aberta. Ela me perguntou se eu morava ali no prédio e eu disse que agora sim.
Em muito menos de um minuto eu descobri que ela parou de fumar há cinco meses e dez dias. Insensível, ofereci um cigarro. Selamos nossa nova amizade em um aperto de mão. E com pouquíssimas informações sobre mim, talvez por gostar da minha cara de quinta-feira, ela me disse para aparecer no apartamento dela quando quisesse.
Já tive outra vizinha Cristiane na infância. A casa dela colada na minha. Mas ela estudava de tarde e eu pela manhã. Nossas brincadeiras corriam nos finais de semana ou no horário de verão. E não tinha felicidade maior do que poder ficar na rua até mais tarde nos meses de calor.
Passamos de brincar com as bonecas para brincar com toda a vizinhança de Polícia e Ladrão, depois já ficávamos sentadas na escadinha de casa vendo os guris jogar futebol e até uma excursão para o Beto Carreiro World essa amizade rendeu.
Até o dia que a gente meio que se esqueceu. Eu já nem chamava mais ela pra conversar, nem ela mais sentia minha falta. Foi assim, não lembro do dia que a gente decidiu ser amiga, muito menos quando deixamos de ser. Uma amizade de infância só para ficar guardada na memória.
Eu só espero rever a nova Cristiane em um dia de humor alegre e semelhante e voltar a ter de vizinha uma amiga para qualquer hora de aperto.