Malditas sejam as redes sociais que entraram em nossas vidas sem nos dar a chance de evitá-las, que tornaram as amizades meras interações via Orkut, Twitter ou Facebook. Malditos sejamos nós, que abrimos mão do contato humano, da voz ao telefone, do abraço apertado, do encontro para mostrar o álbum de fotos da última viagem. Aceitamos feitos patinhos a condição de nos relacionarmos através de uma tela. Tenho saudade até do email. Pois, nem esse mais é usado. Nossas emoções, problemas, medos e angústias têm que caber em 140 caracteres ou melhor nem comentar.
Eu perdi um hábito muito bonito que tinha de escrever cartas. Sim, cartas: papel, caneta, envelope e selo. Tinha todo um ritual. Quando morei na Austrália, com 16 anos, recém se ouvia falar de correio eletrônico, então o jeito de contar para os amigos a minha vivência era escrevendo. E, assim, eu obrigava os outros a me escreverem de volta. Que satisfação era chegar em casa e abrir a caixa do correio e ver meu nome na correspondência. Alegria instantânea. Eu mal acabava de ler e já ia responder, para não perder o ciclo.
A Austrália, por estar tão “isolada” do resto do mundo, naquela época, tinha nas próprias lojas do correio, papéis, cartões, folhas e selos especiais para quem quisesse escrever. E lembro de algo genial, uma folha (A4) que virava o envelope já selado, só precisava dobrá-la em três partes, lamber a borda e mandar para longe. Era o tamanho certo para expressar os últimos acontecimentos.
É um absurdo eu ficar sabendo que uma amiga noivou via facebook ou então que alguém perdeu um ente querido pela sua frase do MSN. É triste e desumano. Cadê o toque, o olho no olho, a mão estendida? Perdemos em qualidade. Inutilizamos o afeto e a linguagem corporal. Prezo pelo encontro diário, semanal, mensal ou até mesmo anual.
Tempo complicado esse que vivemos. Temos muito a que se adaptar. E o pior é saber que minhas amigas vão saber dessa minha questão através do meu blog!
É assim mesmo...que bom que sentes, também sinto! Imagina se não!
ResponderExcluirPor isso digo que sinto saudade de ti tão seguidamente, apesar da nossa conexão diária(com duplo sentido proposital).
Sinto o mesmo, mas olha eu aqui, te dizendo isso via comentário no blog...
ResponderExcluirMas ainda preservo o hábito do papel, não mais em longas cartas, mas ao menos em breves bilhetes.
Não faz tanto tempo assim, recebi cartas tuas vindas de Barcelona. Coisa boa que foi.
É amiga, os tempos mudam. E quando não mudamos junto, somos taxados de antiquados.
Mas nada supera o olho no olho, o cara a cara. Só que esse último, tá ficando só na promessa também.
Bora mudar isso??
Lu! Conheci hj teu blog e já adorei os três primeiros textos! Gengibre faz parte da minha vida também! Tempera, esquenta, apimenta e dá sabor... Já o Grêmio....amor que dói, mas que dá felicidade também. E por último (o último texto que li, mas não o último que vou ler!!), esse texto certeiro e que traz uma nostalgia boa, dos tempos que os amigos reais eram em maior número que os virtuais. Não sei se é saudade da adolescência, dos tempos em que meus sonhos eram mais próximos da minha realidade (ou pareciam que eram...), mas tenho saudade sim, das amizades reais. Bjos e saudades de ti também!!
ResponderExcluir